De Alberto Caieiro, "em Pessoa":

"Pensar incomoda como andar na chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais"

31/10/2008

Vi dois ou três dias atrás, na TV, que o arquiteto Oscar Niemeyer desenhou o troféu a ser entregue ao vencedor do GP do Brasil de F1 de 2008.
Antes de mais nada, aliás, confesso: sou dos que se entrega a algumas atividades mundanas e fúteis como: corridas onde se gastam milhões em publicidade, tecnologia suja e com finalidade essencialmente lucrativa; futebol e suas notícias pérfidas, de polêmicas inúteis e artificialmente criadas, e com personagens que beiram a indignidade; com cinema holywoodiano e algumas produções nada enaltecedoras, que fazem "relaxar" a mente com bobagem por umas duas horas, e et coetera(s).
Voltando ao nosso arquiteto comunista, quis fazer esta postagem porque considero a postura e a dignidade de Niemeyer um marco. Ele, com a fidelidade que demonstra a um ideal, com seu desapego, simplicidade e também em virtude de sua longevidade, além da inegável importância no específico campo da arte arquitetônica, certamente já figura entre os grandes nomes da história do Brasil. O seu comunismo arduamente defendido - mesmo que ocasionalmente ele possa assumir posturas com a qual não concordamos e alie-se a instituições, grupos e pessoas nos quais não confiamos tanto no que tange a honestidade intelectual - é mostra de seu inegável amor pela humanidade. Mais que isso: ele não é daqueles, tão comuns por aí, que amam tanto a humanidade e desprezam o ser humano.
Só não concordo com o fato de ele desenhar o troféu de graça: os promotores do evento não mereciam esse "brinde".
Em tempo: a estrutura desenhada do troféu usa o chamado "plástico verde", obtido a partir de polímeros da cana-de-açúcar, e não do petróleo, de plástico sintético.


Foto: GLOBOESPORTE.COM / São Paulo

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