Já posso dizer que ERA contra, pois os paraenses, na proporção final aproximada de 67%, recusaram dividir ou retalhar o estado.
Sei que algumas pessoas apoiavam a divisão sustentando a opinião em argumentos válidos, que iam desde a distância do poder público, a diferença regional em termos econômicos e até mesmo culturais. Não vou me estender aqui no refutar destes argumentos - pois meu principal motivo de defender o Pará uno é outro -, mas o estado (o governo, seja lá em qual esfera for) tem teorica e historicamente uma missão, que abrange inclusive a administração das diferenças, perpassando suas tarefas básicas. É bem verdade que o estado capitalista liberal burguês, "democrático" ou não, na prática jamais vai funcionar assim, mas é por isso mesmo que o argumento é inválido: inútil como um, incapaz como dois ou ineficaz dividido em três.
Tenho um argumento central, mas também podemos falar do quanto é equivocado aumentarmos o custo público com a divisão das atuais unidades federativas. Deveríamos, sim, é pensar no contrário, em unir pequenos estados tanto em população quanto em território, para efetivamente enxugar a máquina pública e disponibilizar recursos para necessidades reais da população, ainda que nos parâmetros do estado liberal burguês. Mas dizer qualquer coisa neste sentido, ponderando a dinâmica que adquirem determinadas discussões em nosso país, seria quase o mesmo que tentativa de suicídio! Só para não deixar passar em branco, nossa divisão federativa, especialmente no litoral Atlântico, está ainda fundamentada na divisão em capitanias hereditárias de 480 anos atrás, e os traços autônomos e regionais indiscutivelmente presentes devem-se muito mais ao controle da coroa portuguesa no tocante às comunicações e transportes entre as capitanias (depois províncias) com medo do contrabando e da divulgação do conhecimento, do medo de rebeliões e do risco de perda ou diminuição do seu poder. Mas, enfim... Continuaremos sustentando quase 3 dezenas de Assembleias Legislativas (com seus respectivos cargos e penduricalhos), 3 dezenas de secretariados (com seus respectivos cargos e penduricalhos), além de outros incontáveis departamentos e empresas públicas dividas por estados (com seus respectivos cargos e penduricalhos). Dividir para melhor corromper, dividir para mais onerar, dividir para melhor concentrar o poder.
Aí é que está a questão: dividir um estado em dois, três ou dez é multiplicar o potencial de desvio - posto que a possibilidade de controle e de fiscalização também se divide -, além de permitir que algumas famílias de poder local acentuem a prática do coronelismo moderno, mantendo até mesmo algumas das práticas do coronelismo das oligarquias rurais da Primeira República, o que hoje é possível pelo misto de ignorância e inocência a qual se submete ainda boa parte da população.
Não ao aumento inútil do gasto público.
Não à concentração do poder nas mãos de alguns privilegiados.
Não ao aumento dos corrompidos.
O NÃO para a divisão do Pará foi um NÃO para tudo isso, mesmo que as discussões entre os paraenses tenham corrido em outros termos, mesmo que não tenha sido este o objetivo do NÃO pela maioria dos paraenses.
Carajás e Tapajós o Barbalho!!!!!
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