Candidatar-se a qualquer cargo eletivo, em nossa exemplar votocracia, não é, evidentemente, exercer cargo ou função pública. Mas usar o cargo ou função pública exercida para cotizar-se, lançar-se, divulgar-se, prejudicar adversários ou imiscuir-se com possíveis aliados, sejam eles cristalinos, precariamente translúcidos ou totalmente obscuros aponta uma ilicitude moral, uma declaração de incapacidade de representar o povo dotando-se das virtudes necessárias para tal.
É isso o que o Exmo. Sr. Dr. Gilmar Mendes tem feito.
Não sei a que ponto podemos acusá-lo de "destruir a credibilidade da justiça" no que tange às suas decisões enquanto constitucionalista, mas sua postura, a rigor, vem sendo esta: habeas corpus para a figura mais nefasta da república, críticas irascíveis e inoportunas aos outros poderes, discussão pública de assuntos do Supremo de maneira tendenciosa e casuística... Além de tudo, vamos parar, lembrar e refletir em quais momentos e em quais assuntos o atual presidente do STF divergiu da maioria de seus colegas. Devíamos parar para refletir porque muitos procuradores da república, juízes federais e delegados da PF têm protestado contra ele. Ou, então, recordar os cargos que ele exerceu nos govenos FHC (AGU) ou no governo Collor (cargos na Secretaria da Presidência).
Será ele o paladino solitário na defesa da Constituição, senhor absoluto da verdade e da razão?
O Ministro Joaquim Barbosa, tenho certeza, protestou, de sua forma, com suas palavras e com seus argumentos; e também estou certo que muitos outros brasileiros "comuns" (se forem 50 já são muitos) gostariam de protestar contra as atitudes do presidente do Supremo.
Agir da maneira como o Exmo. Sr. Dr. Gilmar Mendes tem agido nos últimos dois anos faz-me chegar a uma conclusão evidente: ele tem pretensões políticas. Diamantino deve estar agitada, esperando as faixas do Dr. Gilmar para governador ou senador. E ele, como todos os demais eleitores de Diamantino ou do Mato Grosso, tem o direito de concorrer a tais cargos. Só não me parece muito correto usar o prestígio e a projeção que tem um presidente do STF para adquirir evidentes vantagens eleitorais.
É como se fosse um acúmulo ilícito.
De Alberto Caieiro, "em Pessoa":
Quando o vento cresce e parece que chove mais"
23/04/2009
"Acúmulo ilícito"
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