Com o olhar de quem nada contempla,
caminhava no deserto humano.
Sentia frio.
Minhas pernas pareciam máquinas,
movimento cíclico, ininterrompível.
Não podia notar o mundo, as
pessoas caminhando no sentido contrário,
ao meu lado outras, formas não simétricas,
absurdamente distintas.
Não havia objetivo, por isso insistia.
Mãos nos bolsos, cabeça erguida pela
ausência de vergonha. Ausência do medo,
nada de paixão, nenhuma busca,
completo recolhimento espiritual.
Pretensão não existia; era uma solidão
passiva, inconsciente. Solidão solitária.
Minha subjetividade contestada,
minha racionalidade ignorada.
Não reconhecia o som das palavras,
meu rosto fez perecer todas as formas de expressão.
O caminho era o caminho, como que se
o tudo a fazer já fosse o nada.
Vazio, meu corpo parou. Vivi intensamente
por mais um segundo.
Foi quando tudo ficou para trás...
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