De Alberto Caieiro, "em Pessoa":

"Pensar incomoda como andar na chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais"

17/10/2011

Quebrando a sequência.

O verso daquela folha ainda tem mais acrósticos, pelo menos uns 8, além de outro texto. Mas vou "pular". Esse, sem título, provavelmente já é dos tempos de professor, com a produção já muito mais escassa.

Eu queria ter um
belo presente,
que não fosse perfeito
mas que tivesse a força
de servir a todos.
Escolhido
com simplicidade,
fora do campo da ambição.


Eu queria ter um
belo presente,
que fosse diferente
e que tivesse o defeito
de não servir para possuir.
Oferecido
na verdade
dentro do espectro do coração.


Eu queria ter um
belo presente,
que fosse para toda gente
com antiga ou recente
vontade de sentir.
Construído
sem leviandade
permeando o caminho da gratidão.

Eu queria ter...
Eu queria ter
mas não o vejo.
Talvez porque
o obscuro desejo
de São Tomé
valha mais que um beijo,
que na verdade não é de se tomar,
de se manusear,
mas que talvez esteja
mais próximo do que eu perceba.

Eu queria ter,
mas não tenho...
Deixe estar,
o importante mesmo é ser,
e até começo a ver
aqui, comigo,
o que esperava,
e deixo o belo presente
para cada um de vocês.

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