De Alberto Caieiro, "em Pessoa":

"Pensar incomoda como andar na chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais"

01/10/2013

EM COMPLEMENTO... (licenças totais)

Insensatez.
Ah, sentimentalidade, mentira
ah, calamidades! É, solidão...

A alegria parte e abandona a alma
resta o sonho
só tortura da consciência mais forte.

Esperança, palavra podre
significado vazio, não há o que reste
das lágrimas e do medo.

Quando alguém te deixa só
não te pareces que já te conheces?

Quando alguém premedita uma atitude
veja a canção comum e a rima pobre.

Não te apresses
o tempo é tão grande quanto o mundo
o tempo é tão óbvio quanto o homem
o tempo é o homem em círculos.

E se tu premeditas, se a solidão é
tão singela quanto o medo da morte
qual o problema do abandono
do enorme mundo em torno de ti?

Tu, quem és?
És o mundo? O tempo? O homem?
Ou tu sou eu? Talvez eu sejas tu! Talvez
eu me esqueça. Talvez desfaleça...

Mas a atrofia de minhas mãos
não impede que minha memória se agite.
O frio dos pés não enregela o coração. Eu entrego então

o sim e o não, até outra hora, até o dia do perdão.

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