De Alberto Caieiro, "em Pessoa":

"Pensar incomoda como andar na chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais"

22/10/2011

Naquela folha...

... o verso da montoeira de palavras, onde há os acrósticos, sempre falei que tinha um texto. Segue abaixo. Preciso me livrar desta folha (no sentido de transcrever e poder esquecê-la). É sobre o impulso de escrever, sobre o impulso que tinha de escrever. 
Por isso, talvez, haja tanta coisa reunida daquela noite. Relendo (sei que não será mais meu em instantes, mas ainda assim fica comigo a maior possibilidade de entender plenamente o que está escrito) percebo que estava cansado da aparente futilidade daquilo. Daí adiante não chegou a ser um silêncio muito rigoroso, mas o ritmo da escrita - que já não era nem a ínfima parte da quantidade absurda, de 10 diários, como tinha sido um dia - reduziu-se drasticamente.

Dois passos mais, 
um devaneio.
Dois dedos com
uma esperança,
dois olhos sem 
ter direção.

Meu destino.

Elipse atemporal.
Deserto. Insensatez.
É vazio. É pouco denso.
Não tem para onde ir
nem onde ficar.

Suspende-se no espaço e na memória
e pouco importa o sentido. O
papel está pleno e denso.
Minha mão cansada. A pena
esgotada. E a mentira
sombreia a doce
vulgaridade de me deixar ser.

(Votos de silêncio)

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