De Alberto Caieiro, "em Pessoa":

"Pensar incomoda como andar na chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais"

31/12/2012

Parte 3 - "O Seminarista" e "José", Rubem Fonseca

Tentando ser como ele...
Tenho profunda admiração pelo romancista Rubem Fonseca. Alguma reserva sobre seus contos.
Agrada-me a fluência de sua narrativa. A economia de palavras para descrever fatos ou narrar atos. A técnica de adjetivar com substantivos. Brilhante.
"O Seminarista" trata de um assassino profissional que decide abandonar a carreira, o que deixa mais fácil perceber seu viés epicurista. Comida, vinhos, mulheres. Como todo bom personagem de Rubem Fonseca, as mulheres o adoram e trepam (expressão muito fonsequiana) com ele sem muitas reservas ou considerações.
O livro prende. Tem uma história. É de um domador da língua, grande narrador. Ótimo passatempo, mas é revisitar vários outros romances do homem.
Aí, tem "José". Problema, para mim, é que trata-se de uma narrativa sem história. A infância, as mudanças, os choques econômicos da família; o autodidata José, que se tornou bacharel em direito e resolveu ser advogado dos pobres (que, pra variar, conheceu e trepou com um montão de mulheres). Pareceu-me uma coleta de reminiscências da própria vida do autor, embora anunciadamente ficcional. Quem é José? 

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