De Alberto Caieiro, "em Pessoa":

"Pensar incomoda como andar na chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais"

17/05/2011

DO FUNDO DO BAÚ...

Há mais de dez anos...

Meus braços cansados dóem
mas não me importo:
continuo levantando dúvidas e
estrangulando dogmas.

Minhas pernas extenuadas fraquejam
mas não me canso:
continuo perseguindo verdades
e correndo das imposições.

Todos os dias
uma nova proposta é posta
como aposta entre quem sabe mais.
Mas eu, socraticamente, sequer
sei quem sou.
Por isso, a luta. O cansaço,
a dor, o fraquejar e
tamanha insistência. É
o projeto que faz da minha existência
buscar o caminho lógico de quem quer sorrir.

E há mais de vinte (!!!!!!!) Tanto que tem até título!!

HOLOCAUSTO

Caminhando neste deserto
seguido por todos, e todos estão nus;
seguido pela peste, e todos a conhecem,
vivendo em busca da saída
indispensável
que ninguém um dia viu.

Caminhando nesse deserto
seguindo a trilha da tormenta;
seguindo a luz que não me ilumina,
vivendo em busca da saída
indispensável
que simplesmente não existe.

Caminhando nesse deserto
vencido pela desesperança;
vencido pelos rostos apodrecidos que me seguem,
vivendo em busca da saída
indispensável
que se encontra dilacerada.

Caminhando nesse deserto
vencendo o chão
vencendo a dor
vivendo em busca da saída
indispensável
que jamais vão encontrar!

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