TUDO DE UMA VEZ
Sempre que o passado repassa a dor,
a dor devolve o passado.
Mais uma vez,
não há como o deixar que os receios estimulem agonias.
Sou o mesmo e, com isso,
não digo que vou entregar-me
ou minha vida...
Só significa que não vou mais esperar
manifestar algo além de mim mesmo! Todos farão
os mesmos comentários, todos me olharão
do mesmo modo. Eu já não darei mais importância
ao prezar ou desprezarem-me.
Se ninguém pode ter sinceridade,
que diferença farão críticas ou elogios?
Que serão
manifestações de amizade
ou a mesquinharia de um materialismo sem nexo?
Estou cansado,
corpo e mente.
Chorar não me adianta mais.
Quero só poder viver.
Quer só poder a paz, mesmo que só em mim,
mesmo que só.
Calar-me um pouco mais.
Sentir-me melhor.
Ser o que sou e seja lá o que for.
De Alberto Caieiro, "em Pessoa":
Quando o vento cresce e parece que chove mais"
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